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Estado de Minas SA�DE

'Quem paga s�o nossos pulm�es': como sa�de j� � afetada pelas mudan�as clim�ticas

Doen�as pulmonares e infecciosas s�o algumas daquelas que devem aumentar com a piora das condi��es clim�ticas do planeta projetadas para as pr�ximas d�cadas. Entenda os impactos e o que est� sendo discutido para lidar com a quest�o.


17/11/2022 16:11 - atualizado 17/11/2022 19:03
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Pessoas andando em lugar poluído
Polui��o do ar � respons�vel por mais de 7 milh�es de mortes prematuras todos os anos, apontam estudos (foto: Getty Images)

Logo na entrada do estande da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) na Confer�ncia de Mudan�as Clim�ticas das Na��es Unidas (COP27) � poss�vel ler uma frase que resume bem a rela��o entre o aquecimento do planeta e a sa�de humana: "O pre�o das mudan�as clim�ticas � pago pelos nossos pulm�es".

De acordo com a entidade, mais de 90% da popula��o mundial respira um ar que fica abaixo dos padr�es de qualidade.

 

 

 

Isso, por sua vez, est� por tr�s de 7 milh�es de mortes prematuras todos os anos.

E n�o para por a�: como a pr�pria OMS destaca, "um mundo mais aquecido leva ao espalhamento de mosquitos causadores de doen�as com uma rapidez nunca antes vista".

Al�m disso, "eventos clim�ticos extremos, a degrada��o da terra e a falta de �gua j� deslocam popula��es e afetam a sa�de delas".

O tema tamb�m fez parte do pronunciamento oficial que o presidente eleito do Brasil, Luiz In�cio Lula da Silva, fez na COP27.

"A OMS alerta que a crise clim�tica compromete a vida e gera impactos negativos na economia dos pa�ses. Segundo as proje��es, entre 2030 e 2050, o aquecimento global causar� 250 mil mortes adicionais por ano", discursou.

Mas o que a ci�ncia j� sabe sobre essa rela��o entre a sa�de do planeta e das pessoas? E quais pode ser feito para mitigar os riscos?

Doen�as mais comuns

O americano Josh Karliner, diretor de parcerias globais da ONG Health Care Without Harm ("Sistema de Sa�de Sem Danos", em tradu��o livre), entende que as mudan�as clim�ticas funcionam como um amplificador de problemas j� existentes.

Ele foi um dos convidados para uma mesa de debates da OMS durante a COP27.

"Se voc� pensar na mal�ria, por exemplo, temperaturas mais quentes permitem com que ela se espalhe para outras regi�es onde nunca foram registrados casos", explica o especialista numa entrevista � BBC News Brasil.

"O mesmo pode acontecer com dengue, zika, chikungunya…", lista.

Ainda no campo das doen�as infecciosas, o especialista diz que n�o � poss�vel estabelecer uma rela��o direta e clara entre as altera��es no clima e a pandemia de covid-19.

"Mesmo assim, a destrui��o da biodiversidade contribui para a libera��o de pat�genos, que podem causar outras crises sanit�rias globais no futuro", pondera.


Pessoa pegando água de um cano
Falta de �gua pot�vel pode impactar seriamente a sa�de (foto: Getty Images)

O brasileiro Vital Ribeiro, que lidera o Projeto Hospitais Saud�veis, acrescenta um outro desdobramento das mudan�as clim�ticas que j� � sentido na pr�tica.

"As doen�as n�o transmiss�veis respondem hoje pela maior parte das mortes e dos custos nos sistemas de sa�de, e isso vem aumentando devido � exposi��o � polui��o do ar resultante da queima dos combust�veis f�sseis", lembra.

Em outras palavras, um ar cheio de part�culas t�xicas para nossos pulm�es � um dos gatilhos por tr�s de uma s�rie de enfermidades — da asma � insufici�ncia card�aca, da hipertens�o ao c�ncer.

Tanto Ribeiro quanto Karliner citam um terceiro ponto de contato entre as mudan�as clim�ticas e a sa�de: as doen�as relacionadas aos eventos clim�ticos extremos, como secas e enchentes.

"Elas est�o ligadas � falta de �gua pot�vel e alimentos, causando desnutri��o e inseguran�a alimentar", diz o brasileiro.

De acordo com os especialistas, o aumento da pobreza e os movimentos de imigra��o em massa de refugiados contribuem para esse cen�rio.

"Ao contr�rio do que alguns pensam, a pobreza e a desigualdade que voltaram a aumentar no planeta s�o, sim, uma importante quest�o de sa�de p�blica", aponta Ribeiro.

"As mudan�as clim�ticas v�m aumentando, agravando e acirrando praticamente todos os principais fatores de risco � sa�de", complementa.

"E embora essas quest�es afetem o bem-estar de todo o mundo, os mais pobres e marginalizados s�o aqueles que mais sofrem", observa Karliner.

"Diante de tudo isso, precisamos entender que a crise clim�tica tamb�m � uma crise de sa�de", completa o especialista.

Poss�veis solu��es

Para Karliner, o primeiro passo para mitigar os problemas � "arrumar a casa".

"O setor de sa�de � respons�vel por cerca de 5% das emiss�es de gases do efeito estufa", calcula.

"Precisamos de hospitais e cl�nicas com uma pegada menor de carbono e que sejam mais resilientes", sugere.

O representante da Health Care Without Harm explica que as unidades de sa�de funcionam 24 horas por dia e gastam muita eletricidade para manter tudo em opera��o.

Em muitos casos, a fonte dessa energia n�o � nada sustent�vel, como � o caso das usinas termel�tricas ou da queima de combust�veis f�sseis.

Al�m disso, toda a cadeia de suprimentos em sa�de, que envolve o transporte de medicamentos, insumos e equipamentos mundo afora, emite muitos desses gases que provocam o aquecimento do planeta.

"A boa not�cia � que temos um movimento para zerar as emiss�es de carbono dos hospitais e o Brasil � um dos l�deres da iniciativa, com 14 institui��es de sa�de que j� se comprometeram com essa meta", destaca Karliner.


Enchente no Paquistão
Mecanismos para reparar pa�ses afetados por cat�strofes clim�ticas s�o discutidos na COP27 (foto: Getty Images)

O especialista americano acredita que o segundo passo fundamental para proteger a sa�de das pessoas � acabar de vez com a depend�ncia dos combust�veis f�sseis, "que matam 7 milh�es de pessoas todos os anos".

"Al�m disso, eles s�o o principal motor por tr�s da crise clim�tica. Quando nos movermos em dire��o a fontes de energia limpas, renov�veis e saud�veis, seremos capazes de salvar milh�es de vidas, economizar trilh�es de d�lares e proteger as gera��es futuras", acrescenta.

Vital adiciona uma �ltima demanda � lista: destravar as negocia��es sobre justi�a clim�tica ainda durante a COP27.

"Do ponto de vista da sa�de, � importante termos mecanismos para lidar com perdas e danos relacionados �s mudan�as clim�ticas", diz.

Ou seja: os pa�ses que mais poluem devem recompensar aqueles que sofrem as consequ�ncias imediatas da crise do clima, como as enchentes, as secas e a falta de alimentos.

"Adiar esses acordos vai resultar em consequ�ncias dram�ticas para as popula��es dos pa�ses mais pobres e vulner�veis. Essa � uma quest�o humanit�ria e de sa�de", acredita.

"A sa�de da popula��o nos diferentes lugares do mundo ser� um reflexo do sucesso ou do fracasso nas negocia��es globais dos acordos clim�ticos e das capacidades das na��es em resolver os impasses atuais", conclui.

- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/geral-63648094


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