Casal na cama

Casal na cama

Becca Tapert/Unsplash

O n�vel de satisfa��o sexual e a disfun��o er�til na meia-idade podem estar associados a quest�es de sa�de cerebral na velhice, mostra uma pesquisa liderada pela Universidade Estadual da Pensilv�nia, nos Estados Unidos. O estudo, publicado na revista Gerontologist, foi realizado com homens e indica que aqueles com problemas de sa�de sexual apresentam, em geral, risco aumentado para dem�ncias, como o Alzheimer, e decl�nios cognitivos.

Para o ensaio, os estudiosos usaram dados de 818 volunt�rios, com 56 a 86 anos, participantes de uma pesquisa longitudinal sobre as influ�ncias gen�ticas e ambientais no envelhecimento, o Vietnam Era Twin Study of Aging (Vetsa). Os volunt�rios foram submetidos a testes neuropsicol�gicos, que avaliaram a mem�ria e velocidade de processamento de informa��es, e tiveram as mudan�as cognitivas avaliadas ao longo de 12 anos.

A fun��o er�til e satisfa��o sexual foram medidas, assim como a cogni��o, por meio do �ndice Internacional de Fun��o Er�til. A partir dos dados, a equipe desenvolveu um modelo para compreender como as tr�s vari�veis - satisfa��o sexual, disfun��o er�til e cogni��o - mudavam conforme os indiv�duos envelheciam.

"O que foi �nico em nossa abordagem � que medimos a fun��o de mem�ria e a fun��o sexual em cada ponto do estudo longitudinal para que pud�ssemos ver como eles mudaram juntos ao longo do tempo. O que descobrimos se conecta ao que os cientistas est�o come�ando a entender sobre a liga��o entre a satisfa��o com a vida e o desempenho cognitivo", enfatiza, em nota, Martin Sliwinski, um dos autores do estudo.

Conforme Sliwinski, atrav�s dos testes, descobriu-se que quem tem baixa satisfa��o sexual corre um risco maior de apresentar quadros de dem�ncia, Alzheimer, doen�as cardiovasculares e outros problemas ligados ao estresse, que podem levar ao decl�nio cognitivo. "Melhorias na satisfa��o sexual podem, na verdade, desencadear melhorias na fun��o da mem�ria. Dizemos �s pessoas que elas devem fazer mais exerc�cios e comer alimentos melhores. Estamos mostrando que a satisfa��o sexual tamb�m � importante para nossa sa�de e nossa qualidade de vida em geral", afirma.

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Ainda segundo o ensaio, os dados abrem caminho para futuras abordagens preventivas. Isso porque a pesquisa tamb�m mostra que levar em conta a avalia��o e o monitoramento da fun��o er�til como um sinal de sa�de pode ajudar a identificar os riscos de decl�nio cognitivo antes dos 70 anos. "Essas associa��es sobreviveram ao ajuste de fatores demogr�ficos e de sa�de, o que nos diz que h� uma conex�o clara entre nossa vida sexual e nossa cogni��o", completa, em nota, Riki Slayday, candidato a doutorado na Penn State e principal autor do estudo.

Mudan�as sist�micas

O neurologista Amauri Godinho J�nior acredita que n�o h� uma rela��o clara de causa e consequ�ncia entre problemas de fun��o er�til, satisfa��o sexual e cogni��o. H�, segundo ele, um fator desencadeante em comum, que � o envelhecimento, respons�vel por causar altera��es em todas essas quest�es. "A doen�a arterioscler�tica, que afeta a microcircula��o de sangue, vai se desenvolvendo durante o envelhecimento, e isso tem repercuss�o em tudo. A dem�ncia senil tem rela��o com essa altera��o na microcircula��o e a disfun��o er�til tamb�m", explica.

A psic�loga Alessandra Ara�jo, da cl�nica Via Vitae, em Bras�lia, chama a aten��o para um aspecto mais integrado das quest�es sexuais. Se uma parte do corpo est� mal ou adoecida, todo o organismo vai ser afetado, enfatiza a tamb�m psic�loga. "(Sigmund) Freud fala que somos seres libidinais, movidos por aquilo que d� prazer. Sendo assim, um sujeito que n�o se satisfaz sexualmente come�a a ficar mais estressado, mais tenso e r�gido nas suas fun��es. Sabemos que, ao manter rela��o sexual, liberamos horm�nios do prazer que fazem com que relaxemos mesmo depois de um dia extremamente exaustivo."

Tamb�m segundo a especialista, os horm�nios liberados ajudam no combate ao estresse, fator que pode causar aumento da press�o arterial. "Nosso corpo fica invadido de ocitocina, horm�nio do amor e do prazer. Para al�m disso, a ocitocina aciona o hipot�lamo, que � onde se regula as fun��es end�crinas, que nos afeta como um todo", detalha Ara�jo. "Sendo assim, faz sentido estudos mostrarem que um sujeito com baixa satisfa��o sexual adoece mais e tem menor rendimento do que aquele que com uma vida sexual satisfat�ria. E, ressalto, satisfa��o � diferente de frequ�ncia sexual."

Sliwinski espera que, no futuro, a pesquisa possa ajudar no desenvolvimento de novos cuidados ligados � sa�de sexual e cognitiva. "J� temos uma p�lula para tratar a disfun��o er�til. O que n�o temos � um tratamento eficaz para a perda de mem�ria. Em vez de conversar sobre o tratamento da disfun��o er�til, devemos ver isso como um indicador importante para outros problemas de sa�de e nos concentrar em melhorar a satisfa��o sexual e o bem-estar geral, n�o apenas lidar com o sintoma", defende o coautor, em nota.