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Cigarro eletr�nico: a possibilidade de sabores e a praticidade s�o fatores que facilitam o uso

Lindsay Fox/Pixabay
O cigarro eletr�nico invade os encontros sociais, principalmente entre os jovens. Tamb�m chamados de pods ou vape, a utiliza��o dos dispositivos tem crescido no pa�s, inclusive no Distrito Federal. Segundo especialistas, o uso faz mal � sa�de e, apesar de muitos adolescentes e adultos terem consci�ncia dos malef�cios causados, continuam utilizando seja por divers�o, por aceita��o ou por substitui��o do cigarro comum. Vale ressaltar que os produtos eletr�nicos t�m venda proibida no Brasil, mas s�o facilmente encontrados nas portas de festas, baladas ou bares.

A estudante Paula Oliveira*, 21 anos, conheceu os cigarros eletr�nicos na roda de amigos e decidiu experimentar h� quatro anos. Com gosto e cheiro bons, a jovem adotou o h�bito e, desde ent�o, faz uso dos dispositivos nas idas a festas, bares e encontros com os colegas. "Nunca gostei de fumar outros tipos de cigarro, mas aderi ao vape. � algo mais social", comenta. Ela conta que a possibilidade de sabores e a praticidade s�o fatores que facilitam o uso. "Sei do mal que faz, mas procuro n�o extrapolar no uso dos pods", ressalta.

Substituindo o cigarro branco pelo eletr�nico, a aut�noma Priscila Silva*, 32 anos, come�ou a usar os pods para reduzir o v�cio no tabaco comum. "Eu fumava muito e vi no cigarro eletr�nico uma sa�da para reduzir meu h�bito", conta. No entanto, ela afirma que faz uso dos dispositivos com frequ�ncia. "Costumo fumar os pods no intervalo do trabalho, durante a rotina do dia a dia", destaca, acrescentando que pretende reduzir o uso.

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Facilidade

Para o administrador Pedro Lima*, 26 anos, o h�bito de usar os vapes come�ou pela praticidade. "Eu j� fumava os narguil�s, mas os pods ajudaram a aumentar a frequ�ncia pela facilidade de usar nas festas, principalmente", comenta. Ele conta que a fam�lia dele n�o gosta e nem aprova o uso dos cigarros eletr�nicos pelo mal que causa � sa�de. "Acabo fumando escondido e s� entre amigos", enfatiza, completando que entende a preocupa��o dos pais.

A m�dica pneumologista do Hospital Santa L�cia, Grasielle Santana, diz que h� um aumento crescente de usu�rios de cigarro eletr�nico, com incid�ncia maior entre os jovens. "Com ideia inicial de ajudar a cessar o tabagismo, a ind�stria do tabaco acabou por ganhar mais adeptos ao h�bito de fumar, o que foi uma perda imensa em uma luta de tantos anos contra o tabagismo", pontua.

Segundo a especialista, um dos fatores mais importantes que dificultam cortar o tabaco � a depend�ncia de nicotina. "O cigarro eletr�nico surgiu como uma forma de depend�ncia maior a essa subst�ncia, por ter componente saborizado e com possibilidade de n�veis de concentra��o a escolha do usu�rio", destaca a m�dica. 

A pneumologista ressalta que � falsa a ideia de que o cigarro eletr�nico n�o causa danos, pois al�m da nicotina, h� tamb�m diversas outras subst�ncias nos dispositivos, inclusive algumas com potencial cancer�geno. "Alguns estudos de danos a curto prazo evidenciam les�o pulmonar secund�ria, mas esse dano pode ser ainda maior, com uso a longo prazo", avalia.
Com isso, a m�dica destaca que, em qualquer circunst�ncia, a ades�o ao uso do cigarro eletr�nico � contra indicada. Entre as doen�as mais comuns que podem ser causadas pelo uso de pods e vapes est�o os c�nceres de pulm�o, de boca e de l�ngua, al�m de bronquite, agudiza��o de asma em quem tem e bronquiolite. 

Comportamento

Especialista em comportamento juvenil e adulto, a psic�loga Lilian Nandes, avalia que os jovens costumam adotar comportamentos, buscando essa aceita��o no meio em que vivem. "Um jovem inicia o h�bito de fumar, geralmente reproduzindo o comportamento advindo de alguma figura com quem ele tenha qualquer contato, seja ele positivo ou negativo", destaca Lilian.
A psic�loga explica que, durante a adolesc�ncia, as pessoas est�o em uma fase de autoconhecimento e de busca de identidade. "Isso faz com que nos permitamos experimentar atividades desconhecidas na tentativa de nos tornarmos parte de um determinado grupo", pontua. Segundo ela, os comportamentos costumam ser refor�ados mediante um est�mulo de recompensa, ou seja, quando os jovens percebem que s�o bem vistos fazendo uso de cigarros, eles tendem a permanecer com o h�bito.

Venda proibida

No Brasil, a venda de cigarros eletr�nicos � proibida, sendo considerada crime de contrabando e contra as rela��es de consumo previsto na Lei n. 8.137/1990. Ainda em 2009, a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) proibiu a comercializa��o, a importa��o e a propaganda de cigarros eletr�nicos no pa�s. A decis�o foi mantida pela ag�ncia reguladora em julho de 2022. No entanto, as vendas dos dispositivos continuam ocorrendo em portas de festas, baladas e bares, principalmente.

Em dezembro do ano passado, a Pol�cia Civil do Distrito Federal (PCDF) desencadeou uma opera��o para coibir a venda de cigarros eletr�nicos em tabacarias do Sudoeste ap�s uma den�ncia an�nima. As equipes apreenderam na a��o cerca de 2 mil cigarros eletr�nicos e aproximadamente 1 mil ess�ncias para os dispositivos.

*Nomes fict�cios foram usados para manter em sigilo as identidades dos entrevistados