Erros comuns da fam�lia no tratamento de dependente qu�mico
Com responsabilidade no processo de tratamento da pessoa dependente de subst�ncias, familiares devem evitar erros que comprometem evolu��o do paciente
Os familiares atribuem a depend�ncia �s mais diferentes causas, podendo ir de falta de car�ter a obsess�o espiritual (foto: Gerd Altmann/Pixabay )
O c�rculo familiar � geralmente o primeiro a ser afetado pela depend�ncia qu�mica de um indiv�duo. Isso provoca diversas consequ�ncias na sa�de dos familiares, fragilizando suas rela��es e criando a necessidade de interven��es terap�uticas. Nesses casos, por diversos e complexos motivos, a fam�lia pode cometer erros que prejudicam o processo de tratamento do dependente.
De acordo com o Relat�rio Mundial sobre Drogas, de 2019, 35 milh�es de pessoas sofriam com algum tipo de transtorno causado pelas drogas. Em 2021, esse n�mero aumentou consideravelmente, com mais de 36 milh�es de pessoas em todo o mundo que sofrem com essa quest�o.
Segundo o diretor-t�cnico da Cl�nica Revitalis, o psiquiatra S�rgio Rocha, por n�o serem profissionais no assunto, os familiares atribuem a depend�ncia �s mais diferentes causas, podendo ir de falta de car�ter a obsess�o espiritual. A busca por tratamento especializado tende a ser muito adiada, ocorrendo apenas quando a doen�a j� est� em fase mais avan�ada. “� comum que os familiares s� identifiquem a necessidade de intervir na depend�ncia com um tratamento mais incisivo quando surgem sintomas f�sicos que passam a afetar a realiza��o de atividades di�rias”, explica o psiquiatra.
S�rgio Rocha destaca ainda que � comum que os parentes experimentem “ang�stia, d�vidas, medo, raiva, vergonha ou mesmo impaci�ncia, dentre outros sentimentos”, desde a identifica��o do problema e durante o tratamento.
Erros que devem ser evitados
Aquele que est� doente espera o apoio das pessoas que mais gosta e confia, isso geralmente inclui a fam�lia (foto: Gisela Merkuur/Pixabay )
1 - Demora em buscar tratamento
O dependente qu�mico sofre de uma doen�a que, como qualquer outra, necessita de tratamento adequado e acompanhamento de especialistas Nesse caso, a rapidez tamb�m � primordial, e a nega��o - tanto do dependente quanto de seus familiares - atrapalha.
“Fam�lias costumam negar o problema, acreditando que podem lidar com a situa��o por conta pr�pria ou com ‘conhecidos’ que passaram por situa��o semelhante. � fundamental buscar por profissionais especializados o quanto antes”, explica S�rgio Rocha.
Al�m disso, alguns familiares podem at� saber do problema mas negar a gravidade da situa��o, ao tentarem solu��es r�pidas. Entretanto, isso s� vai retardar a solu��o, j� que a doen�a � cont�nua e n�o ser� resolvido da noite para o dia.
2 - Questionar o tratamento
Com o paciente diagnosticado, come�am as expectativas pelo tratamento, mas por ser algo muito complexo, os familiares podem come�ar a questionar a efetividade e at� mesmo a dura��o do tratamento. Mais um erro.
De acordo com S�rgio Rocha, isso provavelmente vai gerar ou aumentar a ansiedade no paciente. “Estar em tratamento j� � extremamente dif�cil, e desenvolver uma ansiedade ainda maior nesse momento vai atrapalhar o progresso da pessoa. Por isso, confiar no profissional � essencial n�o s� para o dependente, mas para seus familiares”, completa.
3 - Falsas esperan�as
“Torcer” por melhoras r�pidas ou somente por momentos positivos durante o tratamento, ignorando que em determinados momentos haver� desafios a serem superados, e negar que ainda ser� necess�rio tempo para que o dependente se sinta melhor, n�o � um bom caminho.
“Ser sincero consigo mesmo e com o paciente � a melhor alternativa: o tratamento demora, � dif�cil e ter� altos e baixos”, comenta o psiquiatra.
4 - Tratar s� o dependente
Durante o per�odo de tratamento, que envolve tamb�m a interna��o, � importante ter a consci�ncia de que a fam�lia do paciente � codependente e tamb�m precisa de tratamento.
“A pr�pria cl�nica de reabilita��o conta com profissionais capacitados e com equipes de apoio preparadas para acolher os familiares, que tamb�m est�o passando por um momento delicado e que precisam de cuidados”, explica o psiquiatra.
5 - Subestimar o dependente
“As fam�lias olham o indiv�duo como algu�m incapaz de solucionar problemas e passam a ‘proteg�-lo’ assumindo responsabilidades por ele. A pessoa pode ser dependente qu�mico, mas tem sim potencial de aprender com seus erros e ter uma rotina”, explica o S�rgio Rocha.
Aquele que est� doente espera o apoio das pessoas que mais gosta e confia, isso geralmente inclui a fam�lia. Se ela nota que est� sendo superestimada justamente por essas pessoas, ela tamb�m pode come�ar a duvidar de sua capacidade e perder a confian�a.
6 - Dominar-se pela emo��o
Em qualquer situa��o delicada, a emo��o vai atrapalhar. � comum que, no caso de depend�ncia qu�mica, os familiares tenham rea��es das quais se arrependam, como gritar, discutir ou mesmo amea�ar a pessoa. “� necess�rio ser o mais racional poss�vel , pois o tratamento � contra-intuitivo. V�rias vezes temos de deixar nosso ente querido sofrer todas as consequ�ncias da depend�ncia sem que facilitemos as coisas. Isso implica em, �s vezes , ter que observar o sofrimento do outro sem agir, apenas entendendo que isso � importante para o processo”, diz o psiquiatra.
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