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Estado de Minas ALIMENTA��O

Por que incluir peixes na alimenta��o?

Ao pensar em uma dieta mais saud�vel, o pescado � um alimento estrat�gico, tanto pela alta qualidade das prote�nas quanto pela presen�a de nutrientes


06/02/2022 04:00 - atualizado 05/02/2022 21:45

Bancada com várias espécies de pescado, peixes e frutos do mar
Pescado � um alimento estrat�gico, pela alta qualidade das prote�nas (foto: Mila Demidova/Pixabay )
  “N�o agrada ao meu paladar, n�o gosto do cheiro, nem do gosto. J� provei de �gua doce e salgada, mas n�o gostei. Meu pai era um grande apreciador e cozinheiro de peixes. Na minha inf�ncia, tive oferta de v�rias formas: frito, ensopado, assado, mas realmente nunca apreciei”.

�, pelo visto, Jacqueline Fonseca, de 52 anos, contadora e banc�ria, n�o est� disposta a incluir o pescado em alguma de suas refei��es. O lado bom � que ela se disp�s a experimentar; n�o gostou. Mas gosto pode mudar.
 
Jacqueline revela que at� pouqu�ssimo tempo atr�s n�o comia nada. Mas andou se arriscando a comer camar�o e bacalhau. Os outros frutos do mar, nem pensar. Ou seja, existe uma abertura para o paladar e suas escolhas s�o excelentes, saborosas e nutritivas.

Ainda que ela fa�a parte do grupo que “sim, consumo carne vermelha, ovos e frango. No meu dia a dia, quase sempre fil� de frango. E me sinto bem. Combina com minha alimenta��o saud�vel”.
 
Jacqueline Fonseca, bancária
A contadora e banc�ria Jacqueline Fonseca, de 52 anos, assume que n�o gosta de peixes, mas diz que j� se arrisca a consumir camar�o e bacalhau (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Ainda resistente a outras op��es, Jacqueline enfatiza que sardinha n�o � uma alternativa, infelizmente nem em conserva e nem natural. O atum fresco tamb�m jamais. J� o atum em conserva tolera no preparo de tr�s pratos: “Pizza, pat� e torta”.

Mesmo com camar�o, bacalhau e atum em seu card�pio, ainda que espor�dico, de vez em quando, Jacqueline confessa que n�o imagina mudar o h�bito alimentar incluindo um pescado ao menos uma vez por semana: “Nem sequer penso nisso. Realmente, peixe est� fora do meu card�pio habitual. Mas com orienta��o e adequa��o da minha nutricionista, consigo me alimentar de forma saud�vel sem ter que comer peixe”.

Resist�ncia


Pesquisadora Cristiane Neiva
Cristiane Neiva, pesquisadora e diretora do Instituto de Pesca (IP-APTA), destaca os �cidos graxos (ou gorduras) poli-insaturados, como os chamados �mega 3, relacionados ao desenvolvimento neurol�gico, principalmente na inf�ncia e mesmo na gesta��o (foto: Arquivo Instituto de Pesca/Divulga��o)
Bem, se Jacqueline ser� ou n�o convencida a consumir mais peixe no dia a dia � uma inc�gnita, mas coloc�-lo no card�pio n�o � s� quest�o de paladar. Gostar ou n�o gostar. Mas o brasileiro que tem resist�ncia ao consumo de pescado ou outros frutos do mar, infelizmente, cria barreiras ao alimento diante de d�vidas, mitos, falta de abertura para experimentar, inseguran�a no preparo, enfim, todos argumentos fr�geis e facilmente contornados.

Basta querer. Diante deste cen�rio, o Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de S�o Paulo, desenvolve pesquisas e a��es voltadas a disseminar a import�ncia do consumo de animais aqu�ticos para mostrar seus v�rios benef�cios � popula��o.
 
Com variedade de esp�cies, o peixe � uma op��o valiosa de prote�na de alta qualidade, al�m de trazer sabor e variedade �s refei��es.

“Usamos o termo pescado para nos referir a todos os organismos aqu�ticos: peixes, crust�ceos (camar�es, lagostas, siris, caranguejos), moluscos (mariscos, mexilh�o, polvo, lula, ostras) e, al�m desses, os r�pteis (a exemplo do jacar�, tartaruga), os anf�bios (r�s) e alguns equinodermos, como o pepino-do-mar”, explica Cristiane Rodrigues Pinheiro Neiva, pesquisadora e diretora do Instituto de Pesca (IP-APTA).
 
Conforme Cristiane Rodrigues Pinheiro Neiva, ao pensar em alimenta��o mais saud�vel, o pescado � um alimento estrat�gico. Tanto pela alta qualidade das prote�nas quanto pela presen�a de nutrientes importantes, como os �cidos graxos (ou gorduras) poli-insaturados, como os chamados �mega 3, relacionados ao desenvolvimento neurol�gico, principalmente na inf�ncia e mesmo na gesta��o.

Os benef�cios n�o param por a�, como acrescenta R�bia Yuri Tomita, tamb�m pesquisadora do IP-APTA: “Tem ainda os micronutrientes, como os minerais, que s�o importantes para o funcionamento do organismo, como o mangan�s, magn�sio, zinco, cobre, entre outros, al�m das vitaminas do complexo B”.
 

"Usamos o termo pescado para nos referir a todos os organismos aqu�ticos: peixes, crust�ceos (camar�es, lagostas, siris, caranguejos), moluscos (mariscos, mexilh�o, polvo, lula, ostras) e, al�m desses, os r�pteis (a exemplo do jacar�, tartaruga), os anf�bios (r�s) e alguns equinodermos, como o pepino-do- mar"

Cristiane Neiva, pesquisadora e diretora do Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de S�o Paulo

 
 
Pesquisadora Cristiane Neiva
Cristiane Neiva, pesquisadora e diretora do Instituto de Pesca (IP-APTA), destaca os �cidos graxos (ou gorduras) poli-insaturados, como os chamados �mega 3, relacionados ao desenvolvimento neurol�gico, principalmente na inf�ncia e mesmo na gesta��o (foto: Arquivo Instituto de Pesca/Divulga��o)
 
 
R�bia Yuri Tomita destaca que, que apesar de alguns peixes terem mais gordura que outros, isso n�o deve ser considerado um problema, pois trata-se de “gordura boa”. E que uma pesquisa que fizeram em 2016 mostrou que peixes como sardinha e trilha t�m mais gordura e s�o mais cal�ricos; j� tambaqui, abr�tea e pescada-branca s�o mais magros.

A indica��o � buscar a riqueza da diversidade de pescado e n�o ter uma preocupa��o com qual seria “mais saud�vel”, pois todos s�o. O importante �: “Procurar a diversifica��o quando falamos no consumo de frutas, legumes e verduras. E, no que diz respeito ao pescado, tamb�m � importante. N�o consuma apenas salm�o, por exemplo. Busque variedade”, aconselham as pesquisadoras.
 
Peixe fresco, aspargo e tomate
H� v�rias esp�cies de peixes e todos ricos em nutrientes (foto: RitaE/Pixabay)
  

D�vidas frequentes e mitos 

Para confirmar sua s�bia escolha, incentiv�-lo a comer com mais frequ�ncia ou ainda dar argumentos para quem n�o gosta, repensar, experimentar e incluir o peixe nas refei��es, Cristiane Rodrigues Pinheiro Neiva e R�bia Yuri Tomita respondem �s d�vidas frequentes e mitos sobre o consumo de 
pescado que v�o fazer voc� incluir mais peixes na alimenta��o. 
 
1 – Quais as melhores esp�cies para consumir?
Pela variedade, temos oportunidades de consumir esp�cies marinhas ou de �gua doce, provenientes da pesca ou da aquicultura ou ainda em prepara��es simples ou gourmet. Os consumidores podem variar a prepara��o utilizando pescados magros, como pescada, linguado, merluza ou bacalhau, e gordos, como sardinha, salm�o, atum e cavalinha. O sabor de cada esp�cie sofre influ�ncias do conte�do de gordura, sendo, em geral, os peixes gordos considerados por alguns consumidores como os mais saborosos, enquanto os magros apresentam sabor suave e agradam aos paladares mais requintados.

2 – Os benef�cios � sa�de s�o reais?
Sim. H� muitos dados cient�ficos sobre os benef�cios que o consumo de pescado e algas trazem � sa�de, como redu��o do risco de morte por doen�a coron�ria e derrame, diminui��o do risco de diabetes, aumento do per�odo de gesta��o e melhora do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvimento neural infantil (quando consumido antes e durante a gesta��o) e redu��o do risco de c�ncer de tiroide em mulheres.

3 – O pescado � um alimento do futuro?
O pescado representa um alimento importante para o futuro em termos de nutri��o, seguran�a alimentar e sustentabilidade e � a terceira prote�na mais consumida pela humanidade depois de cereais e leite. Uma alimenta��o rica e segura na inf�ncia estimula uma alimenta��o saud�vel na vida adulta. Portanto, a crian�a que cresce comendo peixe, provavelmente ser� um consumidor saud�vel quando adulto.

4 – N�o gosto do cheiro... o que fazer?
O cheiro de peixe pode ser desagrad�vel para muitas pessoas e � um indicador de como est� o frescor do pescado, sendo uma caracter�stica importante para ser observada ao compr�-lo. Peixes frescos e com qualidade apresentam cheiro e sabor suaves, sendo os odores ruins sinais de deteriora��o. Escolha locais de compra que demonstrem e garantam a proced�ncia e os cuidados higi�nicos e sanit�rios necess�rios e recomendados pelas autoridades sanit�rias. Como o peixe e os frutos do mar estragam mais r�pido do que outras carnes, organize-se quanto � quantidade comprada e sua conserva��o refrigerada at� o momento do preparo. Na d�vida, congele pequenas por��es a serem consumidas de cada vez, descongele-as sob refrigera��o e evite o recongelamento.

5 – Como fazer com a presen�a de espinhas?
Algumas esp�cies de peixe t�m pequenos ossos ou espinhas intramusculares, o que pode causar acidente na hora do consumo. A sugest�o � aten��o para a retirada desses espinhos antes do consumo ou o preparo de peixes sem elas, como ca��o, pirarucu, pintado, tambaqui e bagre, principalmente, quando forem ser servidos pratos � base de pescado para as crian�as. Outra op��o � a compra de fil� ou de carne mecanicamente separada, que apresentam menores chances de ter espinhas.

6 – Peixe pode ser consumido por crian�as?
Sim, pode. Os especialistas em sa�de recomendam incluir o pescado de duas a tr�s vezes por semana para adultos, com por��es de 100g a 120g, e de uma a duas vezes por semana para as crian�as com por��es de 30g ou mais, conforme a idade. O Guia Alimentar para Crian�as Menores de 2 anos, desenvolvido pelo Minist�rio da Sa�de (MS), recomenda que a partir do sexto m�s pode-se fazer a introdu��o do peixe na dieta dos beb�s. As crian�as podem ser mais receptivas ao pescado se a escolha come�ar por esp�cies com sabor mais suave, como a pescada, a til�pia ou o linguado. Para conquistar o paladar infantil, busque novas formas de preparo e inove nas receitas. Uma sugest�o de preparo � a de iscas ou peda�os de peixes empanados. Tempere com sal e lim�o, mergulhe as tiras no ovo batido e cubra com farinha de rosca caseira, regue com azeite, leve ao forno e sirva com um delicioso molho de iogurte ou mostarda com mel. O preparo ao forno de fil�s com azeite, tomates, cebolas e batatas em rodelas e ervas frescas tamb�m pode ser �tima alternativa � fritura. E n�o se esque�a da praticidade dos enlatados no preparo de saladas de batata, pat�s e molhos para massas. H� um aumento de crian�as consumindo peixes crus, que precisa aten��o e cuidado para afastar o risco de contamina��o microbiol�gica. O peixe cru fica delicioso e mais seguro se servido como ceviche, mergulhado no caldo de lim�o, azeite e rodelas finas de cebola.

7 – Qual pescado devo escolher? 
Todos. Fazendo experimenta��es, o consumidor vai ter a oportunidade de escolher entre peixes de extrativismo (pesca) ou cultivo, de �gua salgada ou doce, e uma enormidade de sabores e caracter�sticas nutricionais.

8 – Pescado � muito dif�cil de preparar
No passado, esse era um dos pontos que levavam o consumidor, por vezes, a n�o escolher o pescado, pela dificuldade em eviscerar, descamar etc. Hoje, no entanto, encontramos fil�s j� sem pele, sem espinhos, sem v�sceras, prontos para o preparo.

9 – S� como o pescado se for fresco; nada de congelado
O pescado tem que ser de qualidade, seja fresco, seja congelado ou conservado de outra forma, ou seja pronto para o consumo. A cadeia produtiva est� cada vez mais organizada e a qualidade cada vez melhor. Os �rg�os de inspe��o est�o trabalhando bastante e atuando no sentido de coibir falsifica��es e fraudes, tentando transmitir uma seguran�a maior para o consumidor. Fresco ou congelado, � essencial comprar pescado em estabelecimentos de confian�a, que cumpram os requisitos higi�nico-sanit�rios e sejam aprovados pelos �rg�os fiscalizadores.

10 – Tenho medo de comer peixeporque tem muita espinha
� uma preocupa��o at� certo ponto exacerbada, que acaba se tornando um dem�rito na percep��o popular sobre o pescado. Muita gente n�o come pensando nesse risco. Embora algumas esp�cies tenham muitas espinhas e que seja necess�rio aten��o ao consumi-las, h� muitos peixes com bem poucas, a exemplo dos bagres, do ca��o, da truta, do pirarucu, entre outros. Esse � um mito importante que podemos melhorar, tanto na escolha da esp�cie quanto nos modos de preparo, optando, por exemplo, pelos fil�s, que j� v�m sem espinhas.

11 – Eu n�o como camar�o porque me causa alergia
De acordo com as pesquisadoras, esse receio se volta aos crust�ceos e mariscos em geral, mas principalmente ao camar�o. Frequentemente, quando questionamos as pessoas sobre esse respeito, elas pr�prias dizem que nunca comeram, mas conhecem casos de conhecidos, parentes etc. A literatura cient�fica indica que, normalmente, esses casos de rea��es al�rgicas ao consumo de frutos do mar (camar�o mais comumente) est�o na verdade relacionados ao uso de aditivos na conserva��o desse produto (por exemplo, sais de sulfito), para que mantenham um aspecto visual apropriado e n�o se deteriorem rapidamente. No momento da pesca, o pescador adiciona esses sais de sulfito e, se a concentra��o m�xima permitida for desrespeitada, pode acontecer de as pessoas terem rea��es al�rgicas – que, em casos extremos, podem ser graves. H� pessoas que t�m rea��es a variados tipos de prote�nas presentes em alimentos, n�o apenas no pescado, mas isso � mais raro. Essas alergias est�o relacionadas mais ao uso do aditivo. Como combater isso? Na opini�o das especialistas � preciso conhecer o fornecedor, de quem se compra o camar�o, come�ar a ver e tomar cuidado com a origem do que se consome. 
 
 


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