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Estado de Minas

F�gado: o super�rg�o humano tamb�m adoece

Um dos mais polivalentes ajudantes do organismo, respons�vel por nada menos que 500 fun��es, �rg�o requer cuidados. Deposi��o de gordura leva � esteatose hep�tica


postado em 03/02/2013 00:12 / atualizado em 03/02/2013 11:49

Augusto Pio

(foto: Arte/DA Press)
(foto: Arte/DA Press)

Ele � polivalente e considerado um importante �rg�o do corpo humano. N�o � para menos: est�o sob sua responsabilidade mais de 500 fun��es, entre elas o de combate a infec��es, o processamento dos alimentos provenientes do intestino, a produ��o da bile (subst�ncia que ajuda na digest�o), o controle dos n�veis de gordura, da glicose (a��car) e de amino�cidos no sangue, al�m de excretar subst�ncias t�xicas para o corpo.

� o f�gado este super�rg�o, que nos ajuda tamb�m a produzir rapidamente energia, quando dela necessitamos. Ele previne as redu��es de “combust�vel” do organismo por meio do armazenamento de algumas vitaminas, minerais e a��cares, metaboliza o �lcool, monitora e mant�m os n�veis sangu�neos corretos dos medicamentos e mediadores qu�micos, al�m de produzir fatores de imunidade para remover as bact�rias da corrente sangu�nea. No entanto, esse poderoso �rg�o localizado abaixo das costelas direitas tamb�m pode ficar doente e entre as patologias que o acometem est� a doen�a hep�tica gordurosa em suas principais formas de apresenta��o: a esteatose e a esteato-hepatite.

O gastroenterologista, hepatologista e diretor da Sociedade de Gastroenterologia e Nutri��o de Minas Gerais, Humberto Oliva Galizzi explica que a esteatose � a deposi��o de gordura no citoplasma das c�lulas, que normalmente, n�o a armazena. “As causas podem ser divididas em dois grupos principais: esteatose alco�lica e esteatose n�o alco�lica (esta �ltima, associada, principalmente, � resist�ncia � insulina, fen�meno que ocorre sobretudo nos portadores da chamada ‘s�ndrome metab�lica’)”, diz o m�dico, que faz um alerta: “A doen�a hep�tica gordurosa n�o alco�lica est� se tornando uma epidemia � medida que acompanha a epidemia de sobrepeso/obesidade, intoler�ncia � glicose/diabetes e dislipidemias (altera��es da concentra��o de gordura no sangue) da popula��o”.

Mais comum do que muitos imaginam, a esteatose est� presente em cerca de 20% a 30% da popula��o em geral. Entretanto, de 80% a 90% das pessoas obesas e entre 30% e 50% dos diab�ticos do tipo 2 t�m a doen�a. At� pouco tempo atr�s, acreditava-se que o ac�mulo de gordura no f�gado era causado apenas pelo consumo exagerado de �lcool e que a presen�a da esteatose era algo danoso � sa�de. Hoje sabe-se que a esteatose hep�tica � comum e pode ser causada por diversas outras condi��es que n�o apenas a ingest�o cr�nica de �lcool. Ela pode surgir em qualquer idade, inclusive em crian�as e adolescentes.

O especialista explica que a esteatose hep�tica n�o alco�lica ocorre igualmente nos dois sexos. “J� a esteatose alco�lica � mais frequente no sexo masculino, em virtude do maior abuso de �lcool entre os homens. Por outro lado, ela tende a evoluir com menores quantidades de �lcool e mais rapidamente no sexo feminino, em raz�o de particularidades metab�licas nas mulheres.” Para manter um cuidado com a ingest�o de �lcool a pessoa pode verificar o teor alco�lico do que est� bebendo versus a quantidade. “Por exemplo: se a cerveja que voc� p�s no copo tem teor alco�lico de 4,7%, isso significa 4,7g de etanol em cada 100ml da bebida. A regra vale para todas as bebidas. A� � s� olhar a dose di�ria de etanol que a pessoa ingere”, ensina.

O m�dico alerta que o tipo de alimenta��o tamb�m � muito importante para evitar a gordura no f�gado. “Uma alimenta��o com excesso de carboidratos e gorduras, aliada � falta de atividade f�sica regular, predisp�e ao sobrepeso/obesidade, � intoler�ncia � glicose/diabetes e �s dislipidemias. E essas condi��es favorecem o surgimento da esteatose hep�tica”, diz Galizzi, salientando que, na maioria das vezes, a doen�a n�o chega a causar les�o significativa no f�gado. Contudo, em cerca de 10% a 15% das pessoas com esteatose pode surgir uma inflama��o persistente no �rg�o, que, em �ltima an�lise, levar� � destrui��o progressiva de c�lulas com o consequente surgimento de fibrose (cicatrizes) no f�gado. Esse quadro � chamado de esteato-hepatite.

 

Hepatologista Humberto Galizzi ressalta que a doença, via de regra, não produz sintomas(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Hepatologista Humberto Galizzi ressalta que a doen�a, via de regra, n�o produz sintomas (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
TRATAMENTOS

Para tratar a esteatose, os cuidados s�o direcionados �s suas causas

» No caso da esteatose alco�lica
•Redu��o do consumo de etanol para n�veis seguros (abaixo de 30 gramas/dia) ou mesmo interrup��o do consumo

» No caso da esteatose n�o alco�lica
•O paciente deve cuidar do excesso de peso, da dislipidemia, do diabetes (ou da intoler�ncia � glicose)
•� necess�rio que o paciente passe por uma reeduca��o alimentar
•A pr�tica de atividade f�sica deve ocorrer no m�nimo tr�s dias na semana, com dura��o de 30 a 60 minutos
•Requer mudan�a no estilo de vida

» Para tratar a esteato-hepatite (com ou sem fibrose)
•As medidas adotadas s�o as citadas para esteatose
•O “estresse oxidativo” deve ser tratado
•O consumo de �lcool � totalmente suspenso


Um mal que n�o d� sinais
O �lcool, o excesso de insulina (fen�meno que ocorre nos portadores da s�ndrome metab�lica) atuam no f�gado aumentando a produ��o de triglic�rides (gordura) dentro das c�lulas. � a presen�a dessas c�lulas com gordura que caracteriza a esteatose hep�tica.

Al�m disso, o excesso de glicose e de gordura na dieta � estocado no f�gado contribuindo para formar a esteatose. O hepatologista Humberto Galizzi ressalta que a doen�a, via de regra, n�o produz sintomas. “Se tanto, um desconforto ou dor leve no lado direito do abd�men logo abaixo das costelas, que pode ocorrer naqueles indiv�duos em que a esteatose provoca o aumento do tamanho do f�gado”, observa o especialista, ressaltando que o diagn�stico de esteatose hep�tica deve ser suspeitado nas pessoas que apresentem condi��es de predisposi��o ao seu desenvolvimento: uso excessivo de �lcool, excesso de peso, sedentarismo, diabetes do tipo 2 ou intoler�ncia � glicose, altera��es no colesterol e/ou triglic�rides.

“O exame que mais frequentemente detecta a esteatose hep�tica � a ultrassonografia do abd�men. Ela pode indicar a presen�a de esteatose quando o f�gado se apresenta claro e brilhante, o que traduz o aumento da reflex�o e da atenua��o do feixe sonoro pela gordura acumulada no �rg�o. Uma gradua��o mais precisa da esteatose pode ser obtida por outros m�todos, como a bi�psia hep�tica, a elastografia hep�tica e a resson�ncia magn�tica.

A esteato-hepatite � caracterizada por uma inflama��o persistente causada por um “estresse oxidativo”, que ocasiona a morte progressiva dos hepat�citos – o que faz surgir fibrose (cicatrizes) no f�gado. A fibrose, caso n�o seja realizado tratamento, progride de um est�gio leve at� chegar a seu grau m�ximo: a cirrose.

“Quando existe cirrose, h� risco elevado para o desenvolvimento de insufici�ncia hep�tica, complica��es provocadas pelo aumento da press�o na veia porta, que � uma grande veia que leva sangue de v�rios �rg�os para o f�gado – como hemorragia digestiva e barriga d’�gua –, e at� o c�ncer no f�gado. Quando o indiv�duo com cirrose se encontra em uma dessas situa��es, nas quais a chance de complica��es ou de morte � elevada, deve ent�o ser considerado o transplante de f�gado. Al�m disso, a esteato-hepatite foi recentemente reconhecida como fator de risco independente para o surgimento de doen�as cardiovasculares, da mesma forma que a hipertens�o arterial, o tabagismo e o diabetes”, acrescenta Galizzi.

VITAMINA E
Ainda n�o h� um medicamento que cure, sozinho, a esteato-hepatite, embora a vitamina E e a pioglitazona tenham demonstrado, em alguns estudos, efic�cia estatisticamente significativa em reduzir a inflama��o e, mesmo, a fibrose, e podem ser usados no tratamento. “Existem estudos em andamento analisando a efic�cia e a seguran�a de algumas drogas, como os an�logos de incretinas (classe de subst�ncias produzidas pelo p�ncreas e pelos intestinos que regulam o metabolismo da glicose), bloqueadores de receptores de endocanabinoides e terapias moleculares. Vale dizer tamb�m que h� evid�ncias de que a cirurgia bari�trica, naqueles pacientes com indica��o para sua realiza��o, tamb�m parece tratar a esteato-hepatite, inclusive com regress�o de fibrose”, acrescenta o hepatologista.

O m�dico esclarece que a esteatose hep�tica sem inflama��o �, por defini��o, totalmente revers�vel desde que seja tratada sua causa. A esteato-hepatite pode ser revers�vel e h� evid�ncias de que at� mesmo a fibrose pode apresentar alguma regress�o com o tratamento apropriado. Contudo, se j� houver cirrose, n�o se consegue revert�-la. Humberto Galizzi ressalta que no est�gio de cirrose a doen�a pode levar o paciente � morte. “A pessoa com cirrose pode vir a morrer em decorr�ncia da insufici�ncia hep�tica, de complica��es da hipertens�o porta e do c�ncer de f�gado.”


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