Covid

Os pesquisadores conclu�ram que n�o houve, basicamente em todo o mundo, uma resposta direcionada e adequada para os problemas enfrentados pelos jovens

Marcelo Camargo/ Ag�ncia Brasi

S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Crian�as e jovens n�o tiveram acesso a a��es espec�ficas e bem estruturadas que mitigassem os efeitos da pandemia de Covid-19, aponta uma nova pesquisa que conta com autores brasileiros. Embora n�o fossem grupo de maior risco para casos graves da doen�a, a crise sanit�ria trouxe diferentes efeitos para os mais jovens.

Publicado neste domingo (25), o estudo � uma parceria de universidades do Brasil, do Reino Unido e da �frica do Sul. Ag�ncias de financiamento desses pa�ses, como a Fapesp, aportaram recursos na pesquisa. A USP � a institui��o brasileira que participou do levantamento, e um dos pesquisadores � Leandro Giatti, professor da Faculdade de Sa�de P�blica da universidade.

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Ele explica que "apesar de os jovens n�o estarem no foco da preocupa��o da Covid por n�o serem um grupo de riscos para casos mais severos, eles t�m formas de impacto muito diferenciados". Ent�o, os autores focaram nas dificuldades do acesso � educa��o, � alimenta��o saud�vel e ao lazer entre aqueles com 10 a 24 anos tendo em conta a pandemia de Covid-19. Dados do mundo inteiro foram levantados, e tamb�m houve enfoque nos tr�s pa�ses principais do estudo.

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Sobre educa��o, por exemplo, muitas crian�as tiveram problemas para continuar os estudos por conta das escolas que fecharam. Entre as mais pobres, era ainda mais cr�tico por ser dif�cil ter acesso � internet e a equipamentos digitais.

O consumo de alimentos tamb�m foi outro problema. "No Brasil, a alimenta��o escolar � uma parte importante na ingest�o de caloria di�ria das crian�as", afirma Giatti. A restri��o ao lazer, aspecto importante no desenvolvimento infantil, ainda foi outro eixo impactado entre os menores.

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Com os tr�s aspectos definidos, os autores compilaram quais foram as respostas para mitigar tais circunst�ncias. Para isso, artigos, relat�rios e outras publica��es foram revisadas. Observou-se que algumas pol�ticas p�blicas gerais, sem ser necessariamente para jovens, resultaram em desfechos positivos a eles.

� o caso do aux�lio emergencial no Brasil. A ajuda financeira fornecida pelo governo federal colaborou com o acesso a alimentos para as fam�lias eleg�veis, o que inclui os jovens.

No entanto, os pesquisadores conclu�ram que n�o houve, basicamente em todo o mundo, uma resposta direcionada e adequada para os problemas enfrentados por essa faixa et�ria. "O que de fato aparece para gente � que n�o tinha um preparo s�rio e muito bem elaborado para atender as necessidades dos jovens", resume o professor da USP.

Para ele, � importante que o cen�rio mude. Em caso de uma nova emerg�ncia de sa�de, pol�ticas p�blicas orientadas aos mais jovens precisam ser melhor estruturadas previamente de forma a evitar problemas associadas a Covid-19 entre crian�as e jovens.


 

Pr�xima etapa

O relat�rio divulgado � a primeira etapa do estudo. Agora, os pesquisadores j� realizam uma nova fase que consiste em conversar diretamente com jovens de regi�es perif�ricas dos tr�s pa�ses principais: Brasil, Reino Unido e �frica do Sul.

No Brasil, as comunidades de Parais�polis e Heli�polis, ambas na cidade de S�o Paulo, integram o levantamento. Giatti afirma que, em di�logo com os jovens dessas regi�es, � poss�vel observar como iniciativas das comunidades locais buscavam sanar as dificuldades vividas por conta da crise sanit�ria.

Ele cita o exemplo da figura do presidente de rua implementada em Parais�polis. "Ele ajudava a verificar se as pessoas estavam conseguindo ter isolamento, se estavam com inseguran�a alimentar e ajudavam com distribui��o de alimentos, ajudavam a direcionar pessoas ocasionalmente infectadas e que precisavam de tratamento."

Para ele, a��es como essas precisam ser melhor entendidas pelo governo para servirem de aprendizado na constru��o de pol�ticas p�blicas. "S�o potencialidades locais que muitas vezes o gestor da pol�tica p�blica n�o tem conhecimento."