
Álcool e drogas matam mais de 3 milhões por ano, segundo OMS
Para oncologista, vícios devem ser tratados como urgência de saúde pública, pelo número de mortes, e pelo fator de risco associado a diversos tipos de câncer
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Siga noNesta quinta-feira (20/2), data dedicada no calendário nacional à prevenção e Combate às Drogas e ao Alcoolismo, o reiterado alerta de todos os anos: mais de 3 milhões de pessoas morrem por ano devido ao consumo dessas substâncias, conforme relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A maioria das mortes anuais ocorreu entre os homens, conforme revela o documento: 2,6 milhões de mortes estão relacionadas ao uso de álcool, e outras 600 mil, às drogas psicoativas.
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A médica afirma ainda ser um pensamento equivocado acreditar que as chamadas drogas lícitas (álcool, tabaco e cigarro, por exemplo) são menos nocivas que as proibidas. “Muitas vezes a porta de entrada para o uso de drogas como maconha, crack e cocaína são justamente as legalizadas. É importante dizer também que algumas drogas erroneamente consideradas ‘menos perigosas’, como o álcool e o cigarro, são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de câncer e doenças cardiovasculares”, alerta a especialista que faz parte da equipe médica da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com unidades em Belo Horizonte, Betim e Contagem.
Entre os cânceres que, de acordo com Daniella, são mais atrelados ao consumo de álcool, há os localizados no trato gastrointestinal, como esôfago e estômago, tumores de cavidade oral, entre outros. “Já o cigarro, além de todos esses tumores já mencionados, está associado à maioria dos casos de câncer de pulmão. Quando relacionados ao tabagismo, inclusive, esses tumores tendem a ser mais agressivos e quimiorresistentes”, reforça a oncologista acrescentando que essas substâncias causam dependência justamente por que agem diretamente em diversos receptores e neurotransmissores cerebrais, entre eles a dopamina, conhecida como hormônio do prazer e bem-estar.
“O uso [de álcool, cigarro e drogas ilícitas] gera um aprendizado associativo entre a droga e o bem-estar. Assim, a pessoa segue buscando o entorpecente para voltar a se sentir daquela maneira. Como consequência disso, os neurônios passam a se acostumar com as doses de dopamina, criando necessidades de quantidades cada vez maiores dos químicos. Dessa maneira, nasce outra relação perigosa: aquela de que nada mais é capaz de oferecer o mesmo prazer que a substância.”
Quanto ao risco que essas drogas podem oferecer para o surgimento de cânceres, Daniella explica que no caso do álcool e do cigarro, por exemplo, o consumo a longo prazo e de forma crônica, provoca lesões no DNA de várias células, que por sua vez contribuem para mutações e com isso predispõem o indivíduo ao desenvolvimento de tumores. “Por isso, a educação continuada e informações à população e profissionais da área da saúde, através de campanhas de conscientização e ações governamentais, são essenciais para aumentarmos as chances de garantir longevidade às pessoas, acompanhadas de medidas de promoção de saúde, consideradas as mais eficazes e preventivas”.
A oncologista da Cetus deixa um recado: “querer parar é o primeiro passo para quem enfrenta o problema, seguido da busca por ajuda médica especializada. “É importante ainda que o Poder Público desenvolva, cada vez mais, políticas de incentivo à cessação da dependência química e estímulo a educação continuada sobre o tema para que as pessoas entendam que elas não só podem, como devem abandonar qualquer tipo de vício que venha a trazer problemas de saúde. Grupos sociais de dependentes químicos e ONGs de apoio são um caminho eficaz para quem quer se livrar do álcool, drogas e outras substâncias que causam dependência”.
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