ANTOLOGIA

Leia poemas do livro 'Homem com homem'

Antologia de poesia homoerótica brasileira tem lançamento neste sábado na Livraria Jenipapo, com 3 participantes: Otávio Campos, Renato Negrão e Victor Squella

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“Ouso deixar, como testemunho, pegadas dos poemas de amor que vivi, em gozo carne, coração (....). Grandes amores, nem sempre felizes, que me deram a medida mais exata possível de como era bom ser eu mesmo.” O depoimento de João Silvério Trevisan, autor de “Devassos no paraíso”, está no prefácio da antologia “Homem com homem: poesia homoerótica brasileira no século XXI” (Ercolano), com lançamento neste sábado (10/5) em Belo Horizonte.

A partir do meio-dia, três dos participantes da coletânea – Otávio Campos, Renato Negrão e Victor Squella – participam de bate-papo e leitura de poemas incluídos na edição organizada por Ricardo Domeneck. “São poetas trabalhando dentro de uma tradição que pretendemos honrar e tentar delinear, mesmo que ela não esgote ou explique todo o trabalho destes autores”, destaca, na apresentação, o autor de livros como o premiado “Cabeça de galinha no chão de cimento”.

Ele também ressalta uma questão “contenciosas, espinhosa, política” ao justificar a decisão de incluir representantes do homoerotismo masculino. “É que nos concentramos em autores que se identifica como homens e têm relações de afeto e paixão física com outros cidadãos que se identificam como homens”, lembra, sugerindo que sejam realizadas também antologias femininas e “que pudessem questionar os próprios conceitos de homem e mulher”. Leia, a seguir, poemas dos três autores que estarão neste sábado na Livraria Jenipapo.

 

Renato Negrão

Renato Negrão

Reprodução

Renato Negrão
(Belo Horizonte, 1968, autor de livros como “Vicente viciado” e “Odisseia vácuo”)

“me ame ou me creme”

baunilha chantilly sêmen
cinema fora da tela
sem princípios nem príncipes
te abraço como quem vai pro mar
e beijo como quem bebe o sol
quero passar os dias
contigo criatura vivendo
a vida numa tela pintada toda
fora da moldura

Otávio Campos

Otávio Campos

Reprodução

Otávio Campos
(Leopoldina, 1991, autor de livros como “Tatear os destroços depois do acidente”)

“Mommy”

Hoje tivemos
dia difícil talvez
porque ontem
ao cinema a assistir
Mommy ninguém
comentou coisa qualquer
sobre o filme falamos
A forma como ele abre
os braços empurra o quadro
nunca mais nos falamos
ninguém arruma
mesa para o café
comemos em silêncio
não me levanto
da cama temos medo
de sair da casa talvez
por conta do mar
da forma como
a maresia come
as coisas como um bicho

Victor Squella

Victor Squella

Reprodução

Victor Squella
(Rio de Janeiro, 1994, autor de livros como “Antes o fogo ao relógio” e “Sair da piscina”)

“Inverno nos trópicos”

São alguns passos de distância até a praia.
Há dias quase toda coberta pelo mar,
apenas uma magra passarela de areia

que parecia brilhar demais por causa do sol.
Ainda não passamos da metade do inverno
e a temperatura continua a subir.

Hoje o mar recuou, a areia parece ocupar
mais espaço do que nunca, tomando
para si a praia. Como se fosse possível

a areia se esticar sobre as águas.
O mar não tenta lutar. Cede o espaço
com ondas que quebram longe da orla.

Ficamos também longe da orla. Sentamos
com os pés na areia e o resto do corpo ainda
na cidade. Os olhos nos banhistas, que são

poucos. Duas meninas parecem estar
no primeiro encontro. Se beijam timidamente
em determinado momento e apesar de

estarem com duas cangas esticadas dividem
uma só. Comem alguma coisa pequena
enquanto a primeira brisa do dia traz

o cheiro da maconha que um garoto fuma
discretamente, apoiando as costas
em sua mochila e segurando um livro,
uma tragédia grega um pouco acima
de sua sunga laranja, azul e preta.
A forma dele fumar, tão discretamente

enquanto lê algo escrito por Sófocles
ou Eurípedes nos parece a forma perfeita
de terminar o dia.

'Homem com homem: Poesia homoerótica brasileira no século XXI'
"Homem com homem: Poesia homoerótica brasileira no século XXI" Reprodução

“Homem com homem: Poesia homoerótica brasileira no século XXI”
• Organização de Ricardo Domeneck, prefácio de João Silvério Trevisan e posfácio de Guilherme de Assis
• Ercolano Editora
• 352 páginas
• R$ 98
• Lançamento neste sábado (10/5), ao meio-dia, com leituras de poemas e trocas literárias entre Otávio Campos, Renato Negrão e Victor Squella na Livraria Jenipapo (R. Fernandes Tourinho, 241, Savassi, BH)


Chomsky, um anarcocrítico

“Veremos que as análises políticas de Chomsky sempre partem da premissa de que a necessidade central relacionada à “natureza humana” é a liberdade, entendida como condição para a plena expressão da criatividade e para o “reconhecimento lógico” das vantagens da interdependência cooperativa em face dos arranjos sociais baseados no princípio da competição e do privilégio. Segundo ele, contra as estruturas econômico-sociais vigentes (que inviabilizam o livre desenvolvimento da criatividade humana) se ria necessário conferir aos trabalhadores o controle do processo produtivo, eliminando as estruturas políticas autocráticas da em presa capitalista. Só assim o princípio da satisfação poderia eliminar tarefas desgastantes e repetitivas, não criativas. A garantia de que as coisas úteis não deixariam de ser produzidas repousaria, por outro lado, no compromisso social proveniente do fato de todos os indivíduos serem, a um só tempo, produtores e consumidores. Esse olhar de Chomsky pode ser definido como anarcocrítico.”

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Trecho de “Noam Chomsky: um olhar anarcocrítico sobre a história contemporânea”, de Marcus Marciano Gonçalves da Silveira, publicação da Editora UFMG, com lançamento neste sábado, às 16h, no Espaço Impressões (R. Bueno Brandão, 80, Loja 2, Floresta, BH). Na introdução, o autor lembra que Chomsky, de 96 anos, continua entre os intelectuais mais influentes do mundo.

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