Mudança de escola mineira para pessoas com deficiência gera temor a pais
Secretaria de Educação de Minas Gerais negou que tivesse planejado transferir escola de local, mas desmarcou reunião com os pais que trataria do assunto
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Siga noA transferência ou o encerramento das atividades de uma escola pode gerar transtornos a responsáveis, funcionários e alunos, que acabam tendo que se deslocar para outros locais a fim dar prosseguimento aos estudos. O cenário é ainda mais complicado quando afeta pessoas com deficiência intelectual, já que mudanças de hábitos requerem tempo considerável de adaptabilidade e podem gerar transtornos na rotina. É o que vem preocupando pais e trabalhadores da Escola Estadual Pestalozzi, em Belo Horizonte.
A instituição que atende pessoas com deficiência intelectual, múltipla ou com transtorno global pode ter endereço alterado. A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) estaria planejando uma mudança da escola para outro prédio, segundo denúncia feita pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUte-MG).
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A intenção do governo de Romeu Zema (Novo) seria, segundo o sindicato, transferir as atividades da Pestalozzi, que ocorrem em um espaço amplo na Rua Timbiras, no Bairro Barro Preto, para o prédio onde hoje funciona a Escola Estadual Dona Argentina Vianna Castelo Branco, no Serra, ambos na Região Centro-Sul. A distância entre os dois locais é superior a 4,5 quilômetros, o que dificultaria a ida dos estudantes, principalmente os que fazem uso do transporte público para chegar ao local.
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"Os meninos estão acostumados a vir para cá. Aqui é uma área central. Muitos vêm acompanhados pelos pais, que moram em locais distantes, como Esmeraldas (na Região Metropolitana de BH), outros foram ensinados a virem para cá de ônibus. Mas é o único trajeto que eles sabem fazer, se pedir para ir para outro lugar é outro processo", relatou uma servidora.
Outro problema é o espaço. Enquanto o imóvel no Barro Preto conta com um território amplo, com áreas verdes e quadra para atividades com os cerca de 40 alunos, o prédio na Serra, que já conta também com outros estudantes, possui um espaço menor que o atual.
A escola Pestalozzi atende pessoas que possuem paralisia cerebral, Síndrome de Down, Transtorno do Espectro Autista, entre outras condições, com idades que variam de 20 a 60 anos.
Os servidores chegaram a buscar apoio na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), com a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), que reclamou da falta de informações dadas aos profissionais e destacou que irá acompanhar o caso.
O terreno no qual a escola do Barro Preto foi foi doado há 90 anos pela psicóloga e pedagoga russa Helena Antipoff, convidada pelo governo de Minas Gerais para trabalhar com educação especial. Em 1935, o governo mineiro criou o Instituto Pestalozzi de Belo Horizonte.
Inicialmente, duas reuniões chegaram a ser marcadas para esta quinta-feira (27/2) para tratar do assunto. Uma com os servidores, às 14h, na Superintendência Regional de Ensino (SRE) Metropolitana, enquanto a outra ocorreria no prédio da escola com os pais e responsáveis dos estudantes, às 13h, e trataria da integração das escolas. As duas agendas foram desmarcadas na noite de quarta (25/2).
Funcionários disseram ter sido informados que, nesta sexta-feira (28/2), a escola não teria aulas devido ao trânsito decorrente do carnaval. Só que, em contato com outras instituições de ensino estaduais do bairro, eles descobriram que todas tinham suas atividades mantidas para o dia.
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Contatada, a Secretaria de Educação negou, por meio de nota enviada ao Estado de Minas, que haja planos para alterações do local de funcionamento e que "seguirá o fluxo previsto no plano de atendimento já aprovado" e "a comunidade pode permanecer tranquila quanto à organização das unidades".
Leia a nota na íntegra
"A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) informa que não haverá alterações no atendimento da Escola Estadual Pestalozzi e da Escola Estadual Dona Argentina Vianna Castelo Branco, em Belo Horizonte. O atendimento seguirá o fluxo previsto no plano de atendimento já aprovado, garantindo a continuidade das atividades e a qualidade do ensino.
A Secretaria reforça que a comunidade escolar pode permanecer tranquila quanto à organização das unidades. As aulas seguem normalmente nas unidades e não serão interrompidas nesta quinta-feira (27) e sexta-feira (28/2)."