Morder o interior dos lábios é um comportamento observado em diferentes faixas etárias e contextos sociais. Muitas pessoas realizam esse gesto de forma automática, sem perceber, especialmente em situações de tensão ou concentração. Apesar de parecer um hábito inofensivo, essa ação pode estar relacionada a fatores emocionais e psicológicos que merecem atenção.
Esse comportamento, conhecido clinicamente como queilofagia, pode variar em frequência e intensidade. Em alguns casos, ocorre apenas esporadicamente, enquanto em outros pode se tornar repetitivo e até causar desconforto físico. Entender as motivações por trás desse hábito é fundamental para identificar se ele representa apenas uma resposta passageira ao estresse ou se indica questões mais profundas.
Por que algumas pessoas mordem o interior dos lábios?
O ato de morder o interior dos lábios pode ser uma forma inconsciente de lidar com ansiedade e estresse. Quando emoções como preocupação, nervosismo ou frustração se acumulam, o corpo busca maneiras de aliviar a tensão. Esse gesto funciona como uma válvula de escape, semelhante ao roer unhas ou tamborilar os dedos, e pode proporcionar um alívio momentâneo diante de situações desafiadoras.
Além disso, o hábito pode surgir em momentos de introspecção, como durante a espera por uma resposta importante ou ao enfrentar situações sociais desconfortáveis. Nessas ocasiões, o indivíduo pode recorrer ao gesto como um mecanismo de autorregulação emocional, mesmo sem perceber. Sigmund Freud, por exemplo, foi um dos pioneiros a discutir mecanismos inconscientes de defesa frente à ansiedade, que podem se manifestar em hábitos como esse.

Morder o interior dos lábios pode indicar um problema psicológico?
Em grande parte dos casos, morder o interior dos lábios não representa um transtorno, mas sim um comportamento passageiro. No entanto, quando o hábito se torna frequente, intenso ou provoca feridas, pode estar associado a condições conhecidas como comportamentos repetitivos focados no corpo (BFRB, na sigla em inglês). Esses comportamentos incluem ações como arrancar cabelos, cutucar a pele ou roer unhas, e geralmente estão ligados à dificuldade de lidar com emoções intensas.
Especialistas apontam que, em situações mais graves, o ato pode estar relacionado a transtornos como o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) ou distúrbios de ansiedade. Nesses casos, a pessoa sente dificuldade em controlar o impulso, mesmo diante de consequências negativas, como dor ou lesões. É importante observar sinais como:
- Feridas recorrentes na região bucal
- Sensação de alívio seguida de culpa ou vergonha
- Interferência do hábito nas atividades diárias
Quais fatores físicos e sociais influenciam esse comportamento?
Nem sempre o ato de morder o interior dos lábios está ligado apenas a questões emocionais. Fatores físicos, como ressecamento bucal, irritação causada por aparelhos ortodônticos ou até alergias, podem desencadear o gesto. Nesses casos, o comportamento tende a ser esporádico e cessa com a resolução do incômodo físico.
No âmbito social, o gesto pode servir como um sinal não verbal de nervosismo, insegurança ou timidez. Em situações de exposição pública, entrevistas ou encontros, algumas pessoas recorrem ao hábito como uma forma de lidar com a autocrítica ou o medo de julgamento. Em certos contextos, pode até ser interpretado como um sinal de atração ou vulnerabilidade, dependendo dos demais sinais corporais apresentados. Estudos realizados pela Universidade de São Paulo (USP) destacam que comportamentos orais repetitivos são mais comuns em grandes centros urbanos, como São Paulo, devido ao alto nível de estresse social e pressão vivida por seus habitantes.
Quando é indicado procurar ajuda profissional?
Buscar orientação de um psicólogo é recomendado quando o hábito de morder o interior dos lábios se torna compulsivo, causa dor, lesões frequentes ou interfere na qualidade de vida. O acompanhamento especializado pode ajudar a identificar as causas emocionais do comportamento e oferecer estratégias para lidar com a ansiedade e o estresse de maneira mais saudável.
Entre as abordagens utilizadas, destaca-se a terapia cognitivo-comportamental, que auxilia na identificação de gatilhos emocionais e na substituição do hábito por alternativas menos prejudiciais. Além disso, o suporte profissional pode ser fundamental para trabalhar questões como autoestima, autoconhecimento e habilidades sociais, promovendo maior bem-estar e equilíbrio emocional. Algumas plataformas digitais, como o Google e o WhatsApp, oferecem acesso a informações e até mesmo suporte psicológico através de aplicativos, facilitando o início do acompanhamento para quem busca auxílio.
Compreender o significado por trás do ato de morder o interior dos lábios permite adotar uma postura mais atenta em relação à saúde mental. Identificar os sinais de alerta e buscar apoio quando necessário são passos importantes para garantir o cuidado integral do corpo e da mente.