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Continuo cadeirante, o que me impede de tomar providências sem conta. Como sempre fui a compradora de tudo o que entra pela minha porta, sinto grande diferença ao delegar esse poder a outro. Mesmo com lista, sempre falta alguma coisa. Mais do que isso: falta a descoberta de produtos que não estão na lista e fariam uma boa mudança no dia a dia da casa.
Tenho a mania de especular – não fosse jornalista –, quando entro em qualquer lugar novo ou antigo, gosto de olhar tudo. Acabo sempre descobrindo novidades que não fazem parte de minha lista.
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Como atualmente fico o tempo todo dentro de casa, meu “olho clínico” não sossega. Encontro sempre algo para consertar ou modificar. Minha irmã, que fica comigo nos fins de semana, pede sempre para lhe dar uma folga, para eu não olhar tudo com tanta vontade de mudar.
Procuro novidade em todas as páginas do jornal, que leio de cabo a rabo. Costumo bater a cara no poste, como acontece quando busco filmes brasileiros na TV. Estou tão acostumada com as legendas que, na maioria das vezes, não entendo coisas que são ditas em português.
Depois de virar o mundo para conseguir que a televisão pudesse me fornecer tudo o que mostra – quanto mais moderno fica, mais o aparelho oferece uma profusão de botões –, fui ver o filme do primo que não me conhece, “Ainda estou aqui”. Faltaram as legendas.
A solução foi requisitar à moça que trabalha aqui em casa para repetir o que era falado pelos atores.
Isso acontece porque a idade me deu outro “agrado”: escuto cada vez menos. Esta semana, pedi a um amigo que levasse meu aparelho “de escutar” para dar uma guaribada. Levou e voltou, aguardando minha autorização para o reparo.
Consertar o aparelho, que não está quebrado, está custando o mesmo que paguei quando o comprei. Tenho procurado outro mais em conta, mas não estou achando. Deve existir, pois nem todo mundo tem coragem de pagar quase R$ 20 mil para ouvir melhor.
Este jornal trouxe, na terça-feira, o retrato de Brigitte Bardot, que está com a mesma idade que eu. Fico pensando se ela tem os mesmos problemas meus, que chegam sem pedir licença. Deve ter passado por eles sem maiores perrengues, pelo que se vê na foto. Mas como os ouvidos estão cobertos pelos cabelos, não dá para ver se usa aparelho.
O lado curioso disso é que a média de idade no mundo está chegando lá em cima. Então, os problemas a que me refiro podem ser gerais.
Aliás, para resolver a surdez, um médico me informou que há uma operação feita no pescoço, pelo lado de trás. Credo, prefiro ficar sem escutar.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.