
Sem final feliz
Volta e meia ficamos sabendo de horrores nos círculos sociais dos bilionários e da nobreza
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Volta e meia ficamos sabendo de horrores nos círculos sociais dos bilionários e da nobreza, com mulheres abusadas sexualmente enquanto vivem um relacionamento que haviam idealizado. Certamente, esta é uma das situações mais difíceis que uma pessoa do sexo feminino pode enfrentar. Mas por que algumas destas mulheres demoram tanto a denunciar o abusador? Deveriam, caso tenham condições, tentar pular fora na primeira agressão.
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Fico imaginando se elas chegam a pensar que, depois do primeiro abuso, o parceiro vai tomar vergonha na cara e não vai mais abusar delas. Mas, quase sempre, não é isso o que acontece e elas são novamente agredidas. Um caso recente serve de exemplo. A revista “Veja” desta semana traz um texto sobre a triste trajetória da advogada Virginia Giuffre, que foi uma das primeiras vozes a denunciar o milionário Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais.
Durante a infância, Giuffre passou por muitos lares adotivos e, quando tinha 14 anos, vivia nas ruas. Sem casa, ela só encontrava “fome, dor e mais abusos”, contou, em reportagem publicada pelo site da BBC. No ano 2000, ainda tentando iniciar uma vida sem sofrimentos, conheceu a socialite britânica Ghislaine Maxwell. Passou a trabalhar como atendente num resort de Mar-a-Lago que pertencia a Donald Trump.
Esta socialite, Ghislaine Maxwell, ofereceu uma oportunidade para que ela se tornasse massoterapeuta no resort. E aí a situação de Giuffre piorou de vez. O negócio com ela não era brincadeira – entre os acusados de abuso está o irmão mais novo do rei Charles III. O teto caiu e, no meio do bafafá, Andrew, este é o nome do cara, perdeu seu título de realeza.
“Eles pareciam pessoas legais, então confiei neles e disse que tive uma vida muito difícil até então: que fui fugitiva, abusada sexual e fisicamente... Essa foi a pior coisa que eu poderia ter dito, porque agora eles sabiam o quão vulnerável eu era”, declarou à BBC. “Eu não estava acorrentada, mas essas pessoas poderosas eram minhas correntes”, complementou.
Mesmo após a condenação de Epstein e de Maxwell, o sofrimento de Giuffre não terminou. Ela fundou uma organização sem fins lucrativos voltada para defender vítimas, mas jamais conseguiu recuperar a paz e o equilíbrio interior. Mãe de três filhos, foi encontrada morta no último dia 24 de abril e a sua família confirmou a autoridades australianas a causa da morte: suicídio.
Volta e meia, ficamos sabendo desses horrores. Mesmo quando não chegam a situações extremas, casos como esse, infelizmente, não são raros nos círculos sociais dos bilionários e da nobreza. Acredito – ou pelo menos tento acreditar – que algumas mulheres são iludidas ao se submeter a desempenhar qualquer papel para mudar de status e ganhar reputação por andar com fulano ou beltrano, que são badalados ao redor do mundo.
Mas e no mundo real, de pessoas reais, por que algumas pessoas permanecem em uma relação sólida, até mesmo um casamento, com alguém que te faz tão mal? É o tão falado relacionamento tóxico, que começa com o homem diminuindo a mulher aos poucos e ela passa a se sentir a menor das criaturas e fica dependente do algoz, achando que sem ele não tem vida. Nesse enredo de terror nunca há final feliz.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.